Suicídio na Adolescência
O suicídio na adolescência é um fenômeno que, do ponto de vista psicanalítico, revela um sofrimento psíquico que o jovem ainda não consegue simbolizar ou traduzir em palavras. A adolescência é um momento de intensa reorganização interna: o corpo muda, os vínculos se transformam e antigas referências deixam de servir. Quando esse turbilhão emocional não encontra escuta, continente ou suporte afetivo, o adolescente pode se sentir sem recursos para lidar com a própria angústia.
Na clínica, observamos que muitos jovens carregam histórias de desamparo, rupturas afetivas e experiências de humilhação ou não pertencimento, que fragilizam sua capacidade de elaborar conflitos internos. O suicídio na adolescência, nesses casos, não é um desejo de morte em si, mas uma tentativa desesperada de interromper um sofrimento que parece insuportável. Por isso, o trabalho analítico é tão fundamental: ele oferece um espaço seguro onde o jovem pode, pouco a pouco, reconhecer suas dores, construir sentido e resgatar a possibilidade de desejar.
Mais do que intervir diante da crise, é essencial criar condições para que o adolescente se sinta visto, nomeado e compreendido em sua singularidade. A escuta psicanalítica contribui para transformar o que antes aparecia como ato em palavra — e, quando há palavra, abre-se espaço para novas formas de existir. Se houver qualquer sinal de risco, a articulação com outros profissionais e a busca imediata de ajuda especializada são indispensáveis.